13 junho 2006

Mais coisas do futebol lusitano

Decididamente continuo a não perceber o futebol português, senão vejamos: o Gil Vicente foi ameaçado com uma eventual despromoção porque, ao que tudo indica, não poderia ter recorrido aos tribunais comuns de Justiça a propósito da impossibilidade de utilização do agora "internacional" angolano Mateus. Tudo isto porque os regulamentos da Liga de Clubes, impostos pela FPF, que por sua vez responde perante as regras impostas pela FIFA, obrigam os clubes a regerem-se apenas pelas deliberações dos Órgãos de Justiça Desportiva.

Claro está que poderemos discutir da legalidade de impedir os clubes, ou qualquer outra entidade ou indivíduo, de recorrer para a Justiça e para os Tribunais, mas nem sequer vou por aí.

A verdade é que o Gil Vicente alegou que quem recorreu aos tribunais foi o jogador, pelo que a ameaça da despromoção não se concretizou, e o clube de Barcelos vai continuar na I Liga.

O que me leva a soltar esta bokarra chega exactamente neste ponto. É que o Belenenses, que desde o início alegou que o Gil Vicente deveria ser despromovido (o que permitiria a manutenção dos homens da Cruz de Cristo na I Liga), exactamente porque, diziam, terá recorrido aos Tribunais Civis ao arrepio das leis desportivas, logo que os órgãos disciplinares do futebol português decidiram dar razão aos gilistas avançaram para a Procuradoria Geral da República com uma queixa-crime(!).

Pergunto eu... então agora já é possível recorrer para a Justiça não desportiva? Ou será que a Procuradoria foi de repente integrada nos órgãos jurisdicionais da Liga ou da FPF?

É caso para dizer que os homens do Belenenses fazem sua a velha máxima do Frei Tomás, segundo a qual é de olhar para o que ele diz mas não para o que ele faz!